quinta-feira, 28 de março de 2024

MÚSICAS DE ABRIL - 9 A "Liberdade", de Sérgio Godinho

 

Sérgio Godinho foi uma das vozes mais influentes na chamada música de intervenção no antes e no pós-25 de Abril. Em 1967 desembarca em França onde se começa a relacionar com José Mário Branco e José Afonso, iniciando aí uma colaboração que culminará no LP de Sérgio “Os sobreviventes”, de 1972, com músicas como “Que força é essa”, “O charlatão”, “Maré alta”, etc, de forte teor político e de crítica à situação do país. A música “O charlatão” vai aparecer nos discos de Sérgio e José Mário. O estilo de Sérgio é um misto de balada com canção pop anglo-americana e é isso que faz a sua especificidade, comparando-a com José Afonso e José Mário Branco.

A seguir ao 25 de Abril edita “À queima-roupa” com canções que vão fazer sucesso neste período pós-revolução, nomeadamente “Liberdade”. Em 1975 concorreu ao Festival da Canção como autor de “Na boca do lobo”, canção política cantada por Carlos Cavalheiro, tendo ficado em 2º lugar. Ao longo de 1974 e 1975 percorreu o país em concertos da chamada dinamização cultural com fracas condições de atuação mas de grande adesão popular.

Os versos de “Liberdade” são dos mais trauteados em todos estes 50 anos e apelam a que as pessoas pensem na sua liberdade, afinal dependente de muitas outras coisas:

Liberdade (1974)

Letra e interpretação: Sérgio Godinho

Viemos com o peso do passado e da semente

Esperar tantos anos torna tudo mais urgente

e a sede de uma espera só se estanca na torrente

e a sede de uma espera só se estanca na torrente

Vivemos tantos anos a falar pela calada

Só se pode querer tudo quando não se teve nada

Só quer a vida cheia quem teve a vida parada

Só quer a vida cheia quem teve a vida parada

Só há liberdade a sério quando houver

A paz, o pão

Habitação

saúde, educação

Só há liberdade a sério quando houver

Liberdade de mudar e decidir

quando pertencer ao povo o que o povo produzir

quando pertencer ao povo o que o povo produzir

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