Sérgio Godinho
foi uma das vozes mais influentes na chamada música de intervenção no antes e
no pós-25 de Abril. Em 1967 desembarca em França onde se começa a relacionar
com José Mário Branco e José Afonso, iniciando aí uma colaboração que culminará no LP de
Sérgio “Os sobreviventes”, de 1972, com músicas como “Que força é essa”, “O
charlatão”, “Maré alta”, etc, de forte teor político e de crítica à situação do
país. A música “O charlatão” vai aparecer nos discos de Sérgio e José Mário. O
estilo de Sérgio é um misto de balada com canção pop anglo-americana e é isso
que faz a sua especificidade, comparando-a com José Afonso e José Mário Branco.
A seguir ao 25
de Abril edita “À queima-roupa” com canções que vão fazer sucesso neste período
pós-revolução, nomeadamente “Liberdade”. Em 1975 concorreu ao Festival da
Canção como autor de “Na boca do lobo”, canção política cantada por Carlos Cavalheiro, tendo ficado em 2º lugar. Ao longo
de 1974 e 1975 percorreu o país em concertos da chamada dinamização cultural
com fracas condições de atuação mas de grande adesão popular.
Os versos de
“Liberdade” são dos mais trauteados em todos estes 50 anos e apelam a que as
pessoas pensem na sua liberdade, afinal dependente de muitas outras coisas:
Liberdade (1974)
Letra e
interpretação: Sérgio Godinho
Viemos com o peso
do passado e da semente
Esperar tantos
anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma
espera só se estanca na torrente
e a sede de uma
espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos
anos a falar pela calada
Só se pode querer
tudo quando não se teve nada
Só quer a vida
cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida
cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a
sério quando houver
A paz, o pão
Habitação
saúde, educação
Só há liberdade a
sério quando houver
Liberdade de
mudar e decidir
quando pertencer
ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
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