Quando a Comissão de Censura apreciava os discos e
decidia da sua proibição, no caso de José Afonso ou José Mário Branco, dizia-se
que se suspendia esta ou aquela canção. Quando era com Luís Cília, eram “todas”. O cantautor
Luís Cília começou no rock’n’roll em Angola mas a partir de 1964 exilou-se em
França, recusando a guerra colonial. Em Paris, conhece Colette Magny, cantora
que o introduz na editora Le chant du monde onde edita o seu primeiro LP
“Portugal – Angola: chants de lutte. Nos anos seguintes, no âmbito das
atividades de associações de trabalhadores e de emigrantes, desenvolveu, com
José Mário Branco e outros, um reportório empenhado politicamente. Em 1967
participa no 1º Encontro da Canção de Protesto em Cuba, tendo escrito o hino do
PCP, o Avante. Entre 1967 e 1971 edita os 3 volumes da “La poésie portugaise de
nos jours et de toujours - 1, 2 e 3”.
Em 1969 foi expulso do PCP clandestino por receber elementos
de outras tendências políticas em sua casa (seus amigos), falha pela qual o
núcleo do PCP de Paris mais tarde lhe pedirá desculpa. Em 1970 realiza-se o
Encontro “La chanson de combat portugaise” em Paris, com a sua participação e também
de José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho e Tino Flores. Em 1973 edita “Contra
a Ideia da Violência a Violência da Ideia” em homenagem a Amílcar Cabral. Edita
logo a seguir ao 25 de Abril “O povo unido jamais será vencido” com os
Quillapayun, grupo chileno contestatário ao regime de Pinochet. Luís Cília manteve
ao longo de muitos anos a sua participação em iniciativas musicais de carácter
político. Pode dizer-se, embora a sua carreira musical não tenha sido de adesão
idêntica à de S. Godinho, J. M. Branco e J. Afonso, que é o grande iniciador da canção portuguesa
de intervenção política no estrangeiro.
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