Bernardo
Santareno (pseudónimo de António Martinho do Rosário) foi um dos escritores que mais sentiu a mão da censura nas duas
décadas anteriores ao 25 de abril de 1974. Autor de muitas obras que levantavam
problemas relacionados com a pobreza, o mundo do trabalho, a emancipação feminina ou a sexualidade, tinha a censura à
perna a cada passo. “A Promessa”, primeira obra de teatro, de 1957, não foi
visada pela censura mas a sua representação foi objeto de campanhas da Igreja para
proibição dos espetáculos a partir da peça, o que realmente veio a acontecer
durante 10 anos. Também “António Marinheiro”, Duelo”, “Anunciação” e “O Pecado
de João Agonia”, este sobre o tema da homossexualidade, viram durante algum
tempo adiada pela Censura a sua representação.
Embora se tenha distinguido sobretudo no teatro, o seu primeiro livro de poesia, “Romances do mar”, com poemas sobre a dura vida dos pescadores, foi censurado, tendo sido completamente cortado o poema “Romance do Pescador Velho”. Dizia o censor: “Versos maus, doentios, irreligiosos, antissociais e imorais, numa palavra, deseducativos”. O livro foi autorizado com estes cortes em 1955 e nunca mais foi reeditado por vontade do autor.
Reportagem da RTP sobre Bernardo Santareno aqui.
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