A entrevista que não saiu |
Ficha de A. Cunhal na PIDE |
A propósito da Conferência dos Partidos Comunistas dos países capitalistas da Europa, realizada em Bruxelas entre 26 e 28 de janeiro de 1974, o EXPRESSO tentou e conseguiu entrevistar Álvaro Cunhal, secretário geral do Partido Comunista Português, na altura na clandestinidade. Seria a primeira entrevista de Álvaro Cunhal, então com 60 anos, a órgãos de informação portugueses não clandestinos. No entanto a entrevista foi feita, em Bruxelas, sem direito a levar máquina fotográfica, mas não passou no crivo da Censura (Exame Prévio) e não foi assim publicada. Aliás, numa das respostas Álvaro Cunhal referia que tinha "poucas esperanças de que a Censura autorize a publicação”. Havia mais três peças sobre a Conferência mas só uma pequena peça-resumo da Conferência foi autorizada e mesmo esta com uma alteração no título. Em vez de "Os PC europeus à procura de união na Europa capitalista" colocou-se o título: "Os PC europeus à procura de união na 'cimeira' de Bruxelas".
Na altura, na edição do EXPRESSO de 2 de fevereiro de 1974 (dois meses antes do 25 de Abril), Álvaro Cunhal responderia assim à pergunta "O que pensa da situação política portuguesa no momento atual?":
-O Partido Comunista considera que nos aspetos fundamentais da situação portuguesa nada mudou: a política anterior a 1968 continua hoje. É uma política que não corresponde aos interesses do povo português, nem da Nação portuguesa. Só através de uma alteração radical se poderá pôr termo aos problemas económicos, das liberdades, da guerra, da submissão ao estrangeiro. O PC acha necessário trabalhar e lutar. Para tal, é preciso que todas as forças políticas se unam, com vista à luta para solucionar a situação e encaminhar Portugal no caminho do desenvolvimento, da independência e da paz.
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