O couraçado Potemkine |
A censura no cinema foi muito
forte nas décadas anteriores ao 25 de Abril de 1974.
Logo nos anos 40 do século
passado, o governo proibiu a dobragem de filmes estrangeiros, de forma a
poderem fazer legendagem com tradução diferente das intervenções na língua de
origem. Era estranho, se se dominava a língua original, ver um filme com
legendas diferentes das palavras realmente ditas. Mas os censores confiavam que
poucos saberiam línguas. Em Espanha era pior, porque lá a dobragem impedia os espectadores
de poderem comparar com a língua original. E em Portugal esta medida até
agradou a muitos cinéfilos, que assim gostavam de ouvir os seus atores vedetas sem
interposta pessoa.
Entre muitos filmes, houve alguns
que tiveram a mão da censura. “Lolita”, de Stanley Kubrick, filme de 1962, estreou
em Portugal a 11 de maio de 1972 e mostrava a história de uma relação amorosa
entre um adulto e uma adolescente. “A baixeza do argumento leva-nos a votar
pela reprovação” foi a apreciação da censura e este parecer levou a cortes no
filme. “Drácula, príncipe das trevas” (1966), de Terence Fisher, estreou a 11
de julho de 1980, mas até ao 25 de Abril esteve proibido porque, diz o parecer
da Comissão de Censura, “trata-se de um filme que pretende crer na existência
de vampiros, em que estes aparecem ligados com a religião. Por isso votamos a
sua reprovação”. “O Couraçado Potemkine”,
filme de 1925, de Sergei Eisenstein, esteve também interdito até ao 25 de Abril
de 1974 por ser um filme russo e por retratar uma luta heroica dos soldados
russos na revolução. Este filme, apesar de ser mudo, esgotou salas em maio de
1974. E muitos outros.
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