sexta-feira, 8 de março de 2024

CORTADO PELA CENSURA - 6 O cinema também era cortado

O couraçado Potemkine

A censura no cinema foi muito forte nas décadas anteriores ao 25 de Abril de 1974.

Logo nos anos 40 do século passado, o governo proibiu a dobragem de filmes estrangeiros, de forma a poderem fazer legendagem com tradução diferente das intervenções na língua de origem. Era estranho, se se dominava a língua original, ver um filme com legendas diferentes das palavras realmente ditas. Mas os censores confiavam que poucos saberiam línguas. Em Espanha era pior, porque lá a dobragem impedia os espectadores de poderem comparar com a língua original. E em Portugal esta medida até agradou a muitos cinéfilos, que assim gostavam de ouvir os seus atores vedetas sem interposta pessoa.  

Entre muitos filmes, houve alguns que tiveram a mão da censura. “Lolita”, de Stanley Kubrick, filme de 1962, estreou em Portugal a 11 de maio de 1972 e mostrava a história de uma relação amorosa entre um adulto e uma adolescente. “A baixeza do argumento leva-nos a votar pela reprovação” foi a apreciação da censura e este parecer levou a cortes no filme. “Drácula, príncipe das trevas” (1966), de Terence Fisher, estreou a 11 de julho de 1980, mas até ao 25 de Abril esteve proibido porque, diz o parecer da Comissão de Censura, “trata-se de um filme que pretende crer na existência de vampiros, em que estes aparecem ligados com a religião. Por isso votamos a sua reprovação”.  “O Couraçado Potemkine”, filme de 1925, de Sergei Eisenstein, esteve também interdito até ao 25 de Abril de 1974 por ser um filme russo e por retratar uma luta heroica dos soldados russos na revolução. Este filme, apesar de ser mudo, esgotou salas em maio de 1974. E muitos outros.

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