A árvore anunciadora do início da
primavera
Viveu em Nuvenlândia (terra onde vivem as nuvens, estrelas,
sol, lua, chuva, granizo,… tudo o que tem ou vem do céu), nos recuados tempos
da sua fundação, a neve, que os habitantes dessa mesma terra viam, por vezes, a
congelar as poças das águas, a cair sobre o chão do planeta Terra de uma forma
pouco comum e de uma beleza extraordinária. Sabiam que ela não falava, pois
quando abria a boca congelava tudo à volta.
Praticamente não comunicava, apenas por gestos, nas feiras da sua terra, para adquirir o gelo necessário para o sustento, já que diminuía quando deixava cair parte de si para aqui para baixo, e o que comprava ajudava-a a crescer.
Uns diziam que era fria por dentro, como era quando lhe tocávamos, outros diziam que, apesar de ser fria por fora, o coração era quente, pois quando se deixava cair nas mãos das crianças humanas alegrava-lhes o coração. Mas nenhuma das opiniões era baseada em certezas, porque não sabiam nada dela a partir do local onde desaparecia para entrar na sua casa, no início da primavera, a árvore gigante.
Alguns, no final do inverno, perseguiam-na, na esperança de descobrirem alguma coisa acerca da temperatura do seu órgão vital.
No entanto, chegados à árvore, ela desaparecia como se uma nuvem a consumisse. E a planta diminuía e mudava de cor, para branco. Mas ainda hoje isto acontece, na terra que se encontra em cima de nós.
Diz-se que a árvore se transforma numa amendoeira, e que quando fica mais pequena está a dividir-se para espalhar a beldade pelo mundo, criando “gémeas”. Mas estas plantas só ficam bonitas até ao final da primavera. Nessa época, as flores caem à terra, para que no início do inverno transformem-se de novo e a neve volte para a terra natal, a Nuvenlândia. A árvore cresce outra vez e ganha a palete de cores habituais: cores vivas e alegres, e o manto branco continua a vaguear pelas ruas do seu mundo e volta a cair nas nossas mãos. Repete-se sempre o mesmo ciclo, e se em algum ano as amendoeiras não florirem e não derem fruto, é porque o sol teve de usar a madeira para sustentar o seu fogo. Essa árvore é o único portal que a neve pode utilizar para descer à terra em forma de flores de amendoeiras.
Júlia Santos. Texto a partir da lenda “A Fonte de Marrocos”.
Praticamente não comunicava, apenas por gestos, nas feiras da sua terra, para adquirir o gelo necessário para o sustento, já que diminuía quando deixava cair parte de si para aqui para baixo, e o que comprava ajudava-a a crescer.
Uns diziam que era fria por dentro, como era quando lhe tocávamos, outros diziam que, apesar de ser fria por fora, o coração era quente, pois quando se deixava cair nas mãos das crianças humanas alegrava-lhes o coração. Mas nenhuma das opiniões era baseada em certezas, porque não sabiam nada dela a partir do local onde desaparecia para entrar na sua casa, no início da primavera, a árvore gigante.
Alguns, no final do inverno, perseguiam-na, na esperança de descobrirem alguma coisa acerca da temperatura do seu órgão vital.
No entanto, chegados à árvore, ela desaparecia como se uma nuvem a consumisse. E a planta diminuía e mudava de cor, para branco. Mas ainda hoje isto acontece, na terra que se encontra em cima de nós.
Diz-se que a árvore se transforma numa amendoeira, e que quando fica mais pequena está a dividir-se para espalhar a beldade pelo mundo, criando “gémeas”. Mas estas plantas só ficam bonitas até ao final da primavera. Nessa época, as flores caem à terra, para que no início do inverno transformem-se de novo e a neve volte para a terra natal, a Nuvenlândia. A árvore cresce outra vez e ganha a palete de cores habituais: cores vivas e alegres, e o manto branco continua a vaguear pelas ruas do seu mundo e volta a cair nas nossas mãos. Repete-se sempre o mesmo ciclo, e se em algum ano as amendoeiras não florirem e não derem fruto, é porque o sol teve de usar a madeira para sustentar o seu fogo. Essa árvore é o único portal que a neve pode utilizar para descer à terra em forma de flores de amendoeiras.
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