Manuel Alegre (Foto Jornal Nota) |
Manuel
Alegre foi o poeta “político” mais celebrizado em canções ligeiras antes e após
o 25 de Abril. Desde Adriano Correia de Oliveira, até José Afonso, Amália
Rodrigues e Luís Cília, muitos cantores acharam essencial pegar nos ritmos da
poesia de Manuel Alegre. O poeta dizia mesmo que havia uma “poética da Mudança”
e que era nessa perspetiva que ele avaliava a sua poesia e a sua integração no
movimento musical.
Nascido
em 1936, desde cedo se envolveu nas lutas estudantis e na contestação ao regime.
Fez o serviço militar sucessivamente nos Açores e Angola, onde desenvolveu operações
de oposição ao regime ao mesmo tempo que conhecia a intelectualidade angolana
(ex. J. Luandino Vieira). Em 1964 exila-se em Argel, onde passa dez anos. No
pós-25 de Abril desenvolveu atividade política no Partido Socialista, tendo
desempenhado as funções de deputado, candidatando-se mais tarde em 2006 e 2011
a Presidente da República.
Exemplos
dos seus poemas musicados são “Pedro Soldado”, “Trova do vento que passa”, “Exílio”,
“Poisa a espingarda, irmão”, “E alegre se fez triste”, “Canção tão simples”, “Canção
com lágrimas”, “Corpo renascido”, “As mãos”, cantados por Adriano Correia de
Oliveira, Manuel Freire, Francisco Fanhais, Amália Rodrigues e outros.
Aqui fica o poema “Pedro Soldado” cantado por Manuel Freire:
Já lá vai Pedro soldado
Num barco da nossa armada
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada
Triste vai Pedro soldado
Branca rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Não é Pedro marinheiro
Nem o mar é seu caminho
Nem anda a branca gaivota
Pescando peixes em terra
Nem é de Pedro essa roda
Dos barcos que vão à
guerra
Onde não anda ceifeiro
Já o campo se faz verde
E em cada hora se perde
Cada hora que demora
Pedro no mar navegando
Não é Pedro pescador
Nem no mar vindimador
Nem soldado vindimando
Verde vinha vindimada
Triste vai Pedro soldado
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