Marcos Cruz, aliás Mercedes Balsemão (Foto Caras) |
Marcos Cruz é desde o início do EXPRESSO (1973) o autor
das palavras cruzadas do jornal. Marcos Cruz é o pseudónimo da esposa do dono
do jornal, Mercedes Pinto Balsemão. O que é curioso é que, naquele ano e pouco
da vida do EXPRESSO antes do 25 de Abril de 1974, até com as Palavras Cruzadas
a Censura se metia. Aconteceu quando Marcos Cruz colocou este enunciado para
uma palavra de 9 letras: “Principal atividade a que se dedica o atual
governador de Lisboa”, referindo-se a Afonso Marchueta, personalidade caricata
que gostava de “inaugurar” obras e obras. Para esta solução a censura obrigou a
autora a procurar outro enunciado e ficou “abrir festivamente”, tendo perdido
assim qualquer dose de humor.
Quando se tratava de palavras, os jornais tinham que
ser cuidadosos e não podiam por exemplo utilizar a palavra “greve”, mesmo que a
atividade fosse mesmo esta. A greve estava proibida e não existia como greve.
Em junho de 1973, a greve dos pescadores em Matosinhos aparecia assim descrita
no EXPRESSO: “Dois meses depois, continua por resolver o problema que opõe os
1600 pescadores de sardinha, de Matosinhos, aos armadores. (…) Não vão para o
mar desde fins de março e a safra deste ano, que devia ter começado em 15 de
abril, ainda está no ponto zero.”. (recolha do livro de José Pedro Castanheira,
“O que a Censura cortou”)
Sem comentários:
Enviar um comentário