Cinderela nos tempos de pandemia
Era uma vez uma jovem chamada Cinderela. Certo dia, ela saiu de casa para ir ao supermercado fazer compras essenciais para a madrasta.
Cinderela estava tão apressada que se esqueceu de colocar a máscara, tendo sido avisada por um rapaz que trabalhava na caixa, que por acaso era o filho do proprietário do supermercado. A Cinderela não passou despercebida a este jovem, e quando foi pagar as compras ele pediu o contato da Cinderela para poder ver os descontos que tinha na aplicação da loja.
Cinderela chegou a casa, depois arrumou as compras e a madrasta mandou-a logo limpar o chão. A coitada demorou tanto que chegou atrasada à aula de Geografia online, dado que estava em telescola.
Quando terminou a aula, Cinderela tinha uma chamada não atendida no telemóvel. Ao devolver a chamada percebeu que era o jovem do supermercado. Ficou um pouco surpreendida por ele ter o seu número, mas lembrou-se que para ter os descontos da aplicação, o tinha partilhado. Talvez ele o tivesse apontado. Que estranho! Ele queria mesmo conhecer melhor a Cinderela e convidou-a a fazerem uma chamada via Zoom, que ficaram depois de agendar.
Sem o jovem saber, seu pai, cansado de ver o filho sozinho, lembrou-se de criar um grupo no WhatsApp com as filhas das suas clientes de modo que o seu filho pudesse vir a conhecer o amor da sua vida. Entre as convidadas encontrava-se a Cinderela e as suas meias-Irmãs.
Quando Cinderela aderiu ao grupo, notou a presença de várias raparigas que o pai do jovem tinha convidado. No entanto, ao ver que as suas meias irmãs também tinham sido convidadas, Cinderela saiu do grupo para não ser descoberta, dado que sua madrasta não queria que Cinderela estivesse nas redes sociais porque assim não fazia as suas tarefas.
O pai do jovem explicou-lhe o que se estava a passar e convidou-o a entrar no grupo. O jovem ao início ficou zangado com o pai, mas aceitou o convite, pois, pensava que a Cinderela ia estar presente. Depois de procurar nas várias participantes do grupo, o jovem não encontrou a sua Cinderela e mandou-lhe uma mensagem a perguntar se tinha sido convidada para o grupo. Cinderela respondeu que tinha saído do grupo por estarem lá as suas meias-irmãs, e explicou que se elas descobrissem iam contar à mãe e ela iria ter problemas. O jovem, por ser anfitrião do grupo, foi expulsando várias convidadas incluindo as meias irmãs da Cinderela, de modo a ficar só ele e poder convidar novamente a Cinderela. Nesse momento ele enviou uma mensagem para ela entrar novamente no grupo e poderem conhecer-se melhor.
As meias irmãs de Cinderela, ao terem sido removidas do grupo de convidadas, ficaram zangadas e foram ver o que Cinderela estava a fazer para descarregarem a sua frustração. Foi então que descobriram que Cinderela ainda estava no grupo, através do telemóvel dela. Cinderela e o jovem contaram a ideia do pai dele. O rapaz também justificou que as tinha expulsado do grupo para poder falar apenas com a Cinderela.
As meias irmãs de Cinderela ficaram chocadas com a ideia antiquada do pai do jovem e disseram-lhes que só tinham ficado zangadas porque se estavam a divertir muito a falar com as suas amigas. Concordaram que o melhor seria não dizerem nada à mãe, pois sabiam que ela não gostava que a Cinderela passasse muito tempo ao telemóvel e achavam engraçado a “irmã” estar a namorar com a ajuda das novas tecnologias.
A Cinderela e o jovem, continuaram a ter as suas conversas via WhatsApp e viam-se durante as compras que se tornaram mais longas e frequentes. Quando terminou o confinamento, num dos passeios que o casal fez, o jovem roubou um beijo à Cinderela... com máscara e tudo. Desde esse dia passaram a namorar e a madrasta da Cinderela até ficou contente pensando na parceria que podia fazer com o pai do jovem para promover as lojas de ambos.
Os pais deles já falam em casamento, mas... por agora mantêm o namoro, com máscara, mas sem distanciamento social, estando à espera da vacina para se poderem juntar todos, mas honestamente, eles só querem juntar-se, pois, isso do casamento é muito fora de moda.
Adaptação do conto tradicional “Cinderela” feita por Beatriz Gomes do 5.º A
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