LER É SABER...
"A leitura é para o intelecto, o que o exercício é para o corpo" Joseph Addison
sexta-feira, 3 de maio de 2024
CORTADO PELA CENSURA - 14 A figura de Nuno Lima Carvalho, sinal de um país
Nuno Lima Carvalho (lusonoticias.com) |
Comunicações de livros censurados (Foto EXPRESSO - Revista) |
Quem tiver lido a última edição do EXPRESSO (25 de
abril de 2024) deve ter ficado surpreendido com a capa da Revista. É isso
mesmo. Nuno Lima Carvalho, que durante muitos anos foi secretário-geral da
Estoril Sol, sociedade dona do Casino Estoril, desempenhou de 1966 a 1973 o
cargo de censor no Exame Prévio (Censura). Isto sem que quase nenhum daqueles
com quem conviveu após o 25 de abril tenha dado conta disso. Alguns mesmo que
tinham sido censurados por ele e com quem manteve após o golpe boas relações de
convivência e camaradagem.
Ao longo daqueles anos fez relatórios de censura e de
recomendação de proibição para o Serviço de Leitura Especializada da Direção
Geral dos Serviços de Censura. Foi também editorialista num dos jornais do
regime, “A Voz”, onde atacava as figuras da oposição política clandestina, como
Mário Soares ou Álvaro Cunhal. Censurou por exemplo livros de Pacheco Pereira, Manuel
Alegre, Fernando Namora, Urbano Tavares Rodrigues, Luiz Pacheco, etc., num
total de algumas centenas de títulos.
No entanto, na direção da sociedade Estoril Sol,
sempre foi uma pessoa muito aberta e disponível para a divulgação cultural e
literária através da criação de concursos e de exposições de muitos artistas
plásticos. Alguns daqueles que colaboraram com ele apresentam-no como um homem
afável, apesar de conservador, mas muito capaz de lidar com um leque de pessoas
muito diversificado no que respeita às tendências políticas. Esses mesmos que
agora ficam “surpreendidos” ou “perplexos” com esta duplicidade. Aliás na sua
Autobiografia, curiosamente intitulada “Duas vidas, muitas vidas”, percorre os
seus anos de vida, sobretudo os da Estoril Sol, deixando o período da Censura
por contar. Mesmo os 3 filhos ficaram surpreendidos com a revelação do
EXPRESSO. O ser humano é um mistério e sabe guardar segredos para além do
imaginável. Mas um dia (quase) tudo se sabe. Nuno Lima Carvalho faleceu em 2019.
quinta-feira, 2 de maio de 2024
MÚSICAS DE ABRIL - 14 Manuel Alegre, o Poeta de Abril
Manuel Alegre (Foto Jornal Nota) |
Manuel
Alegre foi o poeta “político” mais celebrizado em canções ligeiras antes e após
o 25 de Abril. Desde Adriano Correia de Oliveira, até José Afonso, Amália
Rodrigues e Luís Cília, muitos cantores acharam essencial pegar nos ritmos da
poesia de Manuel Alegre. O poeta dizia mesmo que havia uma “poética da Mudança”
e que era nessa perspetiva que ele avaliava a sua poesia e a sua integração no
movimento musical.
Nascido
em 1936, desde cedo se envolveu nas lutas estudantis e na contestação ao regime.
Fez o serviço militar sucessivamente nos Açores e Angola, onde desenvolveu operações
de oposição ao regime ao mesmo tempo que conhecia a intelectualidade angolana
(ex. J. Luandino Vieira). Em 1964 exila-se em Argel, onde passa dez anos. No
pós-25 de Abril desenvolveu atividade política no Partido Socialista, tendo
desempenhado as funções de deputado, candidatando-se mais tarde em 2006 e 2011
a Presidente da República.
Exemplos
dos seus poemas musicados são “Pedro Soldado”, “Trova do vento que passa”, “Exílio”,
“Poisa a espingarda, irmão”, “E alegre se fez triste”, “Canção tão simples”, “Canção
com lágrimas”, “Corpo renascido”, “As mãos”, cantados por Adriano Correia de
Oliveira, Manuel Freire, Francisco Fanhais, Amália Rodrigues e outros.
Aqui fica o poema “Pedro Soldado” cantado por Manuel Freire:
Já lá vai Pedro soldado
Num barco da nossa armada
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada
Triste vai Pedro soldado
Branca rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Não é Pedro marinheiro
Nem o mar é seu caminho
Nem anda a branca gaivota
Pescando peixes em terra
Nem é de Pedro essa roda
Dos barcos que vão à
guerra
Onde não anda ceifeiro
Já o campo se faz verde
E em cada hora se perde
Cada hora que demora
Pedro no mar navegando
Não é Pedro pescador
Nem no mar vindimador
Nem soldado vindimando
Verde vinha vindimada
Triste vai Pedro soldado
terça-feira, 30 de abril de 2024
PRÉMIO EXPRESSÃO FAIA BRAVA 2023/24 As fotos do 3º lugar (Mariana Boa e Giullia Voitech)
Mariana Boa e Giullia Voitech (7º B) |
Mariana Boa e Giullia Voitech, ambas do 7º B, foram as terceiras
classificadas no Prémio EXPRESSÃO Faia Brava, modalidade de Fotografia (Raid de
Fotografia no dia 20 de dezembro de 2023). O conjunto de 6 fotografias tinha de
ser realizado na zona do Centro de Estudos Ibéricos e Biblioteca Municipal Eduardo
Lourenço e incluir espaços verdes, figuras humanas e estátuas e edifícios em
algumas fotografias.
PRÉMIO EXPRESSÃO FAIA BRAVA 2023/24 Este é o texto da Carolina Nobre (3º lugar)
A Carolina Nobre, do 10º C, fez o texto ao qual foi
atribuído o terceiro lugar no Prémio EXPRESSÃO Faia Brava 2023/24. Aqui fica. Parabéns, Carolina.
TAREFA
Os
líderes do mundo, apoiados pela maioria dos cidadãos, continuam agarrados à
ideia de exploração máxima dos recursos do planeta, sem pensarem na
sustentabilidade, na biodiversidade e no equilíbrio ambiental e climático. Um
novo tipo de líder é necessário para alterar esta ordem de coisas. Mas como
poderão os novos líderes cativar o interesse dos seus concidadãos se lhes vão
pedir sacrifícios ou atitudes de exigência em nome de um planeta que precisa de
cuidados? Num texto de opinião / crónica de 300 a 400 palavras, exprime a tua
posição sobre esta necessidade de mudar o mundo e as dificuldades de encontrar
líderes para essa mudança.
Atualmente,
estando rodeados de todo o tipo de informação, seja ela proveniente dos media
ou de qualquer outra fonte, um dos temas mais abordados é a mudança. Diz-se
haver necessidade de mudar, quer seja na política, na educação ou até mesmo a
nível da economia. É um assunto atual e relevante, tanto nacional como
internacionalmente.
A
maioria dos cidadãos desespera para que algo mude repentinamente, mas a grande
questão é: “Estará a sociedade realmente preparada para que a mudança
aconteça?”.
Quando
questionadas sobre a temática, muitas pessoas diriam que a maior parte do poder
que é necessário para alterar algo de mais profundo está acumulado no mesmo
grupo social, constituído maioritariamente por indivíduos cujos principais
objetivos nunca foram lutar por nada mais do que uma vida repleta de ócio e
luxo para eles mesmos. E embora isso seja uma verdade problemática, para mim não é apenas aí que reside o problema. Na minha opinião, aquilo que não nos
deixa a nós, sociedade em geral, atingir as nossas ambições, é o puro e simples
facto de não valorizarmos as nossas escolhas.
Seriam
atingidas coisas extraordinárias se cada um de nós reconhecesse o poder que
pode exercer através das opções que faz e o seu papel social. Cada pensamento,
cada opinião, cada escolha é o que mais conta. Uma sociedade que não está
consciente do seu poder é uma sociedade cujo instrumento mais relevante para a
mudança está perdido. Está perdido, mas pode ser encontrado.
Evidentemente,
prestando atenção a tudo aquilo que se tem passado no mundo, são precisas
transformações. Isto é um facto. No entanto, creio que as “pessoas comuns” são
o maior líder, e aquele que é mais influente. Para atingir a mudança é
necessário muito mais do que alterar legislações ou fazer promessas, é
necessário pensamento crítico e, acima de tudo, mudar mentalidades. Só assim
será possível ver um mundo diferente diante dos nossos olhos. Parece ser algo
deslumbrante e fácil de ser feito, mas tudo isto requer determinação, pois, para
se verem resultados e a tão falada mudança, temos de adquirir a capacidade de
ultrapassar obstáculos e sacrifícios e pensar para além das nossas “barreiras
mentais”.
Talvez
isso possa, aos olhos de alguém, parecer um clichê, há quem possa dizer que é
um fundamentalismo, mas para mim, a união social é a chave para a Mudança.
LEITURAS CENSURADAS Hoje, 4 turmas da ESAAG foram à BMEL ver o DINOSSAURO EXCELENTÍSSIMO
Quatro turmas do 9º e 10º ano da ESAAG foram hoje, 29 de abril, à BMEL, ver uma leitura encenada da obra DINOSSAURO EXCELENTÍSSIMO de José Cardoso Pires, em que o autor constrói a figura repelente de um Salazar omnipotente. Em forma de fábula, a obra passou no crivo da censura por um deslize do deputado salazarista Casal Ribeiro que, depois da obra publicada, utilizou esta obra na Assembleia Nacional como exemplo da liberdade do regime marcelista (1972). A censura assim já não pôde entrar a matar.
Representou o Teatro do Calafrio com Rafael Ascensão e Cristina Simões.
PRÉMIO EXPRESSÃO FAIA BRAVA 2023/24 As fotografias do 2º lugar, Afonso Matos
Afonso Matos (8º C) |
segunda-feira, 29 de abril de 2024
PRÉMIO EXPRESSÃO FAIA BRAVA 2023/24 Eis o texto do 2º lugar, de Sara Alves
Sara Lourenço Alves, do 11º F, escreveu o texto
que ficou em segundo lugar no Prémio EXPRESSÃO Faia Brava 2023/24. Aqui fica. Parabéns, Sara.
TAREFA:
A vida contemporânea, que nos pede para olharmos
para nós próprios acima de tudo, leva-nos a esquecermos a atenção devida aos
nossos pais e avós, que são parte da mobília, dizemos nós. Muitas vezes a nossa
vida está quase vazia de afetos, gestos e tempo para os nossos mais próximos,
falhando assim como filhos e como netos. Num texto de opinião / crónica de 300
a 400 palavras, exprime a tua posição sobre a atenção a prestar aos que nos
deram e continuam a dar a vida e os cuidados.
Somos todos feitos de amor. Cada ser humano é fruto
de gerações intermináveis de carinho, afeto e paixão; é o que sobrou do amor de
todos os seus antepassados. Nem sempre este amor é valorizado, sendo até
esquecido no inalcançável caos que é o pensamento humano atual. Nunca poderemos
retribuir todo o amor de quem no-lo ensinou, mas devemos ao menos considera-lo
com compaixão, em cada ato do quotidiano.
O paradigma da sociedade do nosso tempo está,
constantemente, em alteração. Há, portanto, mudanças que, embora não se tenham
verificado de forma drástica, alteraram o todo de como se vive atualmente. É
comum afirmar-se que o trabalho é a nossa ferramenta para uma vida confortável
(devido ao salário que representa), porém, de forma gradual, a vida é que se
tem subjugado ao emprego, fazendo as pessoas, em geral, respirarem trabalho em
vez de ar puro. Isto aplica-se, inclusive, àquilo que deveria ser essencial à
vida e está a ser desperdiçado; qual água vertida sobre flores já mortas; a
família. A desconexão dos membros da família (principalmente mais idosos) tem
sido inconcebível e insustentável, realçando o egoísmo das gerações mais jovens
em relação àqueles que deveriam ser cruciais para a sua sobrevivência.
A negligenciação dos membros mais idosos por parte
dos seus filhos ou netos é um dos, senão o principal, indicador do vazio em que
vivem os jovens atualmente, sem conhecerem a tranquilidade e a felicidade que
provém de manter a ligação com aqueles que nos amam. Para atingir este nível de
conforto é, também, necessário que eles próprios se sintam amados. Demonstrar
aos nossos entes queridos o nosso amor exige pouco mais que uma componente:
tempo. É o tempo o fio que entrelaça os laços que criamos com quem amamos. O
tempo demonstra atenção e carinho e previne a solidão de assolar aqueles que,
em muitos – demasiados – casos, a sentem de quem mais amam. É importante,
então, que os mais jovens desconsiderem as suas vidas agitadas e que reservem
algumas horas do dia para uma conversa fraternal com quem lhes quer tanto bem,
demonstrando que o alvoroço nada é quando comparado com o abraço mais quente de
todo: o de um pai ou de uma mãe e o de um avô / avó.
Tendo em vista tudo o acima referido, é importante
que se preservem os laços de amor pelos restantes membros da família,
descurando o trabalho e valorizando o afeto.
sexta-feira, 26 de abril de 2024
CORTADO PELA CENSURA - 13 No Funchal tudo era diferente
O Comércio do Funchal foi um dos jornais mais
lutadores contra a censura antes do 25 de Abril de 1974, sob a direção de
Vicente Jorge Silva (VJS), que mais tarde faria carreira no EXPRESSO e no PÚBLICO. O
jornal publicava-se em papel cor-de-rosa. Vicente Jorge Silva contou ao PÚBLICO
em 2014 que, ao contrário do que se passava nos jornais de Lisboa e Porto, a censura no Funchal se fazia em diálogo direto com o censor que
era possível de tentar convencer. E muitos artigos acabavam por ser autorizados
ou pelo menos não completamente desfigurados.
Quando se comparavam em 1973 a situação do Continente
e da Madeira, com uma taxa de mortalidade infantil de 70 por 1000 nascidos (50
no Continente) ou com a taxa de 43 médicos por 100.000 habitantes (contra 95 no
Continente), tudo era cortado. Ou ainda por exemplo o artigo sobre a inauguração em
setembro de 1973 do Hospital do Funchal, cortado por inteiro. Num artigo sobre uma fábrica, a
referência à obrigatoriedade de fazer horas extraordinárias por parte das
operárias para evitar o despedimento levava ao corte de toda a notícia.
No entanto, reconhece VJS que o isolamento da Madeira
levava a um menor empenho dos censores, já que o campo de ação do jornal era
mais curto. Esses ares de liberdade no entanto davam asas ao jornal que era
assinado por muitas pessoas no Continente. Isto ocorreu sobretudo a partir da
entrada de Marcello Caetano (1968), chegando aos 15.000 exemplares.
Aconteceu no entanto que nos dias a seguir ao 25 de
Abril na Madeira as coisas não mudavam e a PIDE e as autoridades não davam
margem de manobras às manifestações, sendo que na RTP e na Emissora Nacional
não se deram notícias do golpe nos dias 25 e 26 de abril, sem passar os
noticiários nacionais. A partir do dia 27 o golpe foi noticiado mas sem destaque.
O governador militar, brigadeiro Lopes da Eira, portava-se como se nada
fosse, “empenhado em que a transformação política que se registou no país não
afete a vida da Madeira”, dizia ele, como referiu Vicente Jorge Silva. Foi sobretudo após
o 1º de Maio que a revolução chegou à Madeira, inclusive com manifestações
contra a permanência de Américo Thomaz (ex-Presidente da República) na Madeira
antes de irem para o Brasil.
Mais pormenores neste artigo do PÚBLICO.
quinta-feira, 25 de abril de 2024
MÚSICAS DE ABRIL - 13 Luís Cília, cantor português de intervenção em França
Quando a Comissão de Censura apreciava os discos e
decidia da sua proibição, no caso de José Afonso ou José Mário Branco, dizia-se
que se suspendia esta ou aquela canção. Quando era com Luís Cília, eram “todas”. O cantautor
Luís Cília começou no rock’n’roll em Angola mas a partir de 1964 exilou-se em
França, recusando a guerra colonial. Em Paris, conhece Colette Magny, cantora
que o introduz na editora Le chant du monde onde edita o seu primeiro LP
“Portugal – Angola: chants de lutte. Nos anos seguintes, no âmbito das
atividades de associações de trabalhadores e de emigrantes, desenvolveu, com
José Mário Branco e outros, um reportório empenhado politicamente. Em 1967
participa no 1º Encontro da Canção de Protesto em Cuba, tendo escrito o hino do
PCP, o Avante. Entre 1967 e 1971 edita os 3 volumes da “La poésie portugaise de
nos jours et de toujours - 1, 2 e 3”.
Em 1969 foi expulso do PCP clandestino por receber elementos
de outras tendências políticas em sua casa (seus amigos), falha pela qual o
núcleo do PCP de Paris mais tarde lhe pedirá desculpa. Em 1970 realiza-se o
Encontro “La chanson de combat portugaise” em Paris, com a sua participação e também
de José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho e Tino Flores. Em 1973 edita “Contra
a Ideia da Violência a Violência da Ideia” em homenagem a Amílcar Cabral. Edita
logo a seguir ao 25 de Abril “O povo unido jamais será vencido” com os
Quillapayun, grupo chileno contestatário ao regime de Pinochet. Luís Cília manteve
ao longo de muitos anos a sua participação em iniciativas musicais de carácter
político. Pode dizer-se, embora a sua carreira musical não tenha sido de adesão
idêntica à de S. Godinho, J. M. Branco e J. Afonso, que é o grande iniciador da canção portuguesa
de intervenção política no estrangeiro.
quarta-feira, 24 de abril de 2024
INAUGURAÇÃO FOI HOJE ÀS 15 HORAS A partir de hoje Painel de Azulejos do 25 de Abril dá as boas vindas à entrada da ESAAG
O painel de azulejos do 25 de Abril na ESAAG foi inaugurado hoje, 24 de abril, pelas 15 horas. Depois do poema “Liberdade” de Armindo Rodrigues e de uma interpretação de “A morte saiu à rua” por António Costa, alunos do 9º H, as alunas do Grupo Equipa de Desportos Gímnicos, dirigidos pela professora Ana Ribeiro, evoluíram à frente da escola ao som de algumas músicas de Abril. Depois foi descerrado o Painel de Azulejos pelo Presidente da Câmara Municipal da Guarda (CMG), Sérgio Costa, e pelo Diretor do AEAAG, José António Carvalho.
Nos discursos a seguir, o diretor do AEAAG, José António Carvalho, frisou o avanço da escola pública nestes 50 anos e a importância de valorizarmos as conquistas na escola, evoluindo num sentido de maior qualidade; a professora Maria Cândida Afonso, em nome do Grupo de História, que promoveu a iniciativa, salientou a importância da democracia e das conquistas do 25 de Abril, nomeadamente da liberdade; Íris Gonçalves, em nome dos alunos participantes, referiu a importância desta participação na execução do painel, em que os alunos se envolveram fortemente, sentindo que estavam empenhados em algo que simbolizava valores superiores; finalmente o Presidente da CMG apelou aos jovens para que valorizem a liberdade e a democracia, que nunca se pode dar por conquistada definitivamente, sendo necessário lutar por ela.
(Fotos Rádio Altitude)
PRÉMIO EXPRESSÃO FAIA BRAVA 2023/24 Aqui fica o texto vencedor de Ana Escada Ramos
TAREFA:
A vida contemporânea, que nos pede para olharmos para nós próprios acima de tudo, leva-nos a esquecermos a atenção devida aos nossos pais e avós, que são parte da mobília, dizemos nós. Muitas vezes a nossa vida está quase vazia de afetos, gestos e tempo para os nossos mais próximos, falhando assim como filhos e como netos. Num texto de opinião / crónica de 300 a 400 palavras, exprime a tua posição sobre a atenção a prestar aos que nos deram e continuam a dar a vida e os cuidados.
Se alguma vez me perguntarem se me arrependo de alguma coisa não hesitarei em dizer que sim. Falhei aos que nunca me falharam, desiludi quem nunca me desiludiu, evitei quem nunca deixou de me dar prioridade e o mais triste de tudo é que não amei como queria os que sempre me deram colo.
Vivo num mundo onde a aparência, a ambição desmedida e a cobiça são olhadas como a semente para uma vida dita perfeita. Vivo num mundo onde eu sou mais importante que tu e onde parece não haver espaço para o verdadeiro significado da palavra Amor. Esquecemo-nos com muita facilidade dos que nunca nos faltaram e damo-nos conta que o tempo corre sem quase nunca nos preocuparmos em dar resposta a esse avanço galopante.
Há uma altura na nossa vida em que olhamos à nossa volta e nos apercebemos que todos aqueles que nos deram asas partem agora para outro lugar. Apercebemo-nos que a hora de nos deixarem chegou e que ficou uma resma de coisas importantes por dizer. Deixam de nos dizer “bom dia” e de nos abraçar quando mais ninguém o faz. Deixam de nos aquecer os pés quando está frio e de nos comprar um casaco quente porque o tempo vai arrefecer. Deixam de ser casa e passam a ser memória.
Passamos a vida em busca de algo que nem nós sabemos o que é. Chamam-lhe felicidade. Dizem que é um sentimento de dever cumprido e de sonhos concretizados, mas e se a nossa felicidade dependesse dos que nos são tanto? Não seríamos todos mais felizes? Acredito que sim.
Queremos viver o futuro tão depressa que nos esquecemos do presente, de tal forma que seremos apenas migalhas numa mesa de Natal vazia. Esquecemo-nos do principal – do Amor. Esquecemo-nos de como se fazia a sopa da mãe e o arroz doce da avó. Não saberemos nunca mais a que cheiravam todas aquelas roupas pretas da nossa fiel amiga nem como acabava aquela canção de embalar. O tempo apagou tudo isso e o coração guarda apenas uma ténue linha de sorrisos.
E é assim que o tempo passa. É assim que quem não o merece nos vai perdendo. É assim que o Amor se perde.
DIA 24 DE ABRIL, ÀS 15 HORAS, NA ESAAG Inauguração do Painel de Azulejos do 25 de Abril
Hoje, 24 de abril, às 15 horas, à entrada da ESAAG, tem lugar a inauguração do Painel de Azulejos alusivo ao 25 de Abril, por iniciativa do Grupo de História e com a colaboração de muitos alunos do Agrupamento e do Grupo de Educ. Visual. Estará presente o Sr. Presidente da Câmara Municipal da Guarda.